UM DIA passeando pelo Facebook me deparei com o post de um 'facefriend' meio que reverenciando Star Wars. Eu, menina que sou (e quem me conhece sabe) podem até duvidar, mas AMO Star Wars. Assim, em caixa alta. É sério, não é pra puxar conversa com os mocinhos. Posso passar horas conversando com eles de ‘igual pra igual’, tipo conversa de futebol, mas deste assunto não entendo nadinha, então assim, se eu sentar com meninos pra conversar, 'tipo papo de menino', será sobre de filmes de ficção científica, ação, e outros como Sin City, Homem de Ferro...
Star Wars foi um marco na minha vida. Meu primeiro filme. Já tinha visto outros, mas foi este que marcou a entrada do cinema na minha vida. Minha mãe me levou, assistimos no Bristol. Lembro que saí do cinema olhando o céu, procurando estrelas, algo que talvez não tivesse visto antes...
Confesso que fiquei ‘caidinha de amores’ pelo Luke Skywalker. Foi meu primeiro herói. Embora não tivesse realizado na época, eu queria namorar um cara como ele. O Luke era 'o cara'. Foi uma referência de style, mas e principalmente, ‘postura e filosofia de vida’. Pára e congela. O ano era 1979, ou 78. E o que era aquela roupa de cavaleiro Jedi?! Hãhã?? Sensacional. Muito novo.
Como nem tudo é perfeito, existia a princesa Léa. No começo, eu ‘rivalizava’ com ela, sabe?! Estas bobagens de menina... Depois prestei muita atenção nela. Mas isso eu conto depois.
Mas voltando então ao post que inspirou este texto, logo apareceu o post do post e este falava sobre Blade Runner. Claro, naturalmente, os meninos 'disputavam' qual dos filmes era o melhor: Star Wars ou Blade Runner?! Putz! Assim não vale, pensei, "quero participar deste pipipi testosterona". Acabei dando meus pitacos, mas não o quanto eu queria. E aí uma noite, sentei tranquilamente em frente à TV (coisa rara) e revi Blade Runner pela 4ª vez.
A primeira vez que assisti foi muito tempo depois de ter sido lançado, em 1982, quando eu tinha 15 aninhos. Ainda bem. Se tivesse assistido quando adolescente bem capaz que não tivesse entendido nada e descartado o filme da minha vida. O que não aconteceu. Quando vi, a década de 80 já estava terminando. Foi no cine Astor. E foi outro marco do cinema na minha vida. Saí com mil questionamentos. Anos se passaram e quando finalmente saiu a versão do diretor, em DVD, fui lá e comprei.
Agora, se você está meio confusa/o com este blábláblá todo, ou nasceu na década de 80, ou era criança, tinha menos de 10 anos e nunca ouviu falar de nada disso, por favor, minimize esta janela, dê um Google em Star Wars. Depois em Blade Runner. Veja também ‘replicantes’. Depois que passar os olhos pelas imagens e dar uma lida rápida nos textos, pode voltar para este texto.Star Wars e Blade Runner são filmes incríveis. Eles são o 'must have do cinema'. Existem 'n' razões para eu afirmar isso. Star Wars por exemplo tem estudo sociológico (O Poder do Mito de Joseph Campbell). Mas hoje, pensando nos dois filmes, quero falar sobre suas heroínas. Sobre as personagens femininas.
Em Star Wars, a Princesa Léa, pela qual Skywalker se apaixona, não era uma princesa comum. Lembro dela na primeira cena, transgredindo as regras, ela era princesa mas prisioneira... Vestia uma túnica, despojada (cara da FIT sabe?!) e um cinto, ‘tipo corda’, displicentemente amarrado. Ok, o cabelo, era um caso a parte. Mas ninguém pode negar que ela segurava a onda daquele cabelo. Além disso, até então, eu não tinha 'conhecido' nenhuma princesa tão inteligente, independente, que negociava política, tinha dois robôs, e ainda pilotava naves espaciais!!!! Nada de princesa aborrecida, dorminhoca, esperando o príncipe, comendo maçã, cantarolando com os passarinhos e vivendo com anões ou fazendo trança nos cabelos. E muito menos, nem enchendo a cara e namorando meio mundo como a Stéphanie de Monaco naquele tempo (e devo confessar, eu adorava a Stéphanie!). A princesa Léa era uma princesa guerreira. E aí mais que namorar o Luke, eu queria mesmo é ser como ela.
Quando revi Blade Runner, fui me surpreendendo com suas personagens. E hoje entendendo como elas foram importantes na minha vida. Na vida de todos nós talvez, e claro, para o cinema e para a moda.
Começamos com a replicante, ou andróide, Zhora, interpretada por Joanna Cassidy. Eu romântica que sou, não tinha me dado conta quão poderosa é esta personagem. A cena que ela aparece é muito breve, infelizmente, mas intensa o suficiente. Primeiro ela aparece nua, com uma cobra enrolada no corpo e coberta por algumas escamas. Depois ela aparece num look incrível, inspirador para qualquer fashionista: um biquíni ou underwear preto, estruturado, com uma bota de cano longuíssimo tipo mosqueteiro, e um raincoat transparente. Lindo! E claro, cabelão. Como se usava nos anos 80.
E depois vem Daryl Hannah, no papel da replicante Pris. Sensacional. Moleca, divertida, pervertida. E vale dizer, ela sim foi precursora do ‘bocão’ (Angelina Jolie sabe disso?). Pena que não lembraram muito de Daryl Hannah depois... Só an passant quando namorou aquele gato do John John Kennedy. Tarantino até tentou...
Hummm, podem não ter lembrado de convidá-la para outros filmes, mas o fato é que muitos filmes e seus personagens beberam na fonte de Blade Runner. Tem aquela mesma estética futurista de metrópole desordenada, mas sob um governo ou uma ordem repressora, que vigia os ‘que sobraram’ na Terra. Blade Runner vai além e ainda expõe de forma nada previsível, o ‘desenrolar’ da Ásia no Ocidente. Pra não dizer a ‘invasão’ da China.
E voltando em Daryl Hannah ou Pris, quem lembra de “O Quinto Elemento”, de Luc Besson?! Lembrou?! Que tal Milla Jojovich, no papel do ‘tal 5º elemento’?! Quem ela lembra se não nossa Pris de Blade Runner?! Pois é...
E neste caos, o figurino da replicante Pris foi cuidadosamente trabalhado no melhor estilo homeless. Peças rasgadas, collant, polainas, olhos borrados, cabelos desgrenhados. Para mim, mesmo não sendo entendida no assunto, passaria fácil por uma modelo na semana de moda de Paris ou Nova Iorque, e me arriscaria dizer, para um desfile da Balmain.
Já a mocinha do filme, a delicada replicante Rachel, interpretada pela bela e desaparecida Sean Young, aparece em cena com um tailleur impecavelmente estruturado e marcado por ombreiras e um penteado de faria inveja a Princesa Léia. E apesar de bem feminino é um look com shape militar e ouso dizer que seu penteado faz 'as vezes' de um quepe .
Outro detalhe que me chamou a atenção: Rachel fuma. E a fumaça do cigarro é para mim não apenas significado de sua 'afirmação', como o detalhe decisivo que confere ao filme o clima noir. Estética planejada. E sem querer perder o foco, lembremos de Gattaca, já nos anos 90, e preste atenção em Irene, personagem de Uma Thurman. Qualquer semelhança...
A diferença entre Rachel e as replicantes Pris e Zhora, é que ela, não faz parte ‘dos que sobraram’ na Terra. Assim, como a Princesa Léa, ela faz parte de uma elite. Mas somente num primeiro momento. E aí seu figurino passa por uma mudança, do impecável tailleur para um delicado vestido, com um 'it' oriental. Do penteado estruturado para os cabelos soltos, volumosos e crespos (bem crespos). E o casacão de pele que aparece no começo do filme, é mantido, não só porque cai muito bem como parte do figurino de Rachel, mas também na estética do filme como um todo. Acho que se o PETA atuasse na época, teria tentado proibir o filme.
Estes foram os anos 80 minha gente: cabelão, ombreiras, muita maquiagem. Sexualidade. Heroínas transgressoras. Nada de princesas. Nada de cabelo liso, chapinha, nude, cor da boca.
O fato é que o figurino dos anos 80, e muito retratado pelo cinema, foi transgressor em vários sentidos. Quem viu e viveu, sabe. Foi uma ponte entre as décadas. Tive lá meus modelitos e me desfiz deles. Mas, vida que segue, no vai-e-vem da moda, as ombreiras voltaram há um tempinho atrás e não me contive e adquiri duas pecinhas para o meu guarda-roupa. Três na verdade. Duas bem no estilo retrô, românticas, e uma mais clean. O pretinho básico, talvez seja uma releitura do tailleur da Rachel.
Ah sim o ano que se passa Blade Runner? 2019...
Vai lá
http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=mmoe3PPIuwc
http://www.youtube.com/watch?v=4lW0F1sccqk
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