Depois de um dia difícil de trabalho, a vontade é desaparecer, é sair correndo em busca de algo que faça a gente se sentir valorizada e o mundo voltar ao que era no minuto que você estava... Bem. Hoje tive um dia típico de estressadinha (e estressadinha que é stressadinha sabe do que eu estou falando, e por isso pensei neste blog*). Não é fácil levar raquetada sem entender o porquê e sem conhecer as regras do jogo (hellooo, uma caraminhola assopra, “as regras do jogo são estas, não serem claras”).
Não é o fim do mundo, e mesmo sendo uma “não consumista” (amém!), a vontade no fim do dia era arejar a cabeça e passear no shopping. Ah, ah é só para respirar e dar uma volta. Mentira. As lojas estão em liquidação e eu queria mesmo era uma desculpa para comprar um vestidinho que paquerava há um tempo. De quatro dígitos, passou para três dígitos. Mas eu mereço né? Por distração acabei parando em casa. Para fazer valer o pensamento de arejar a cabeça, liguei a TV procurando consumir algum para adoçar meus ânimos, e parei no canal que estava passando Delírios de Consumo de Becky Bloom.
A primeira vez que ouvi sobre este filme fui bem resistente. “Ah não!”, “Por favor! Que filme é esse?!” Até que um dia, vencida a resistência, assisti, me diverti e tive uma grata surpresa. O filme é simples e claro. Sem lição de moral e autoajuda. Cliché or not cliché, de forma bonitinha, o filme é sobre o comportamento de consumo desenfreado da mocinha Becky, shopaholic convicta, que um dia, se vê afogada num mar de dívidas, e por conta disso, afastada de pessoas importantes da sua vida. O ponto alto do filme pra mim é quando ela confessa que compra porque o mundo se torna melhor, mas depois, o mundo deixa de ser bom de novo. O ciclo é tão viciante que ela precisa comprar novamente. Um pensamento, por um mundo melhor, e uma confissão nobres. E eu, que queria um filme leve, senti que havia levado uma raquetada de novo. Quantas de nós não fazemos isso diariamente? Consumimos o dia todo procurando algo que torne nosso mundo melhor. Do brigadeiro ao vestido-que-não-vai-caber-no-armário.
A carismática Becky se dá conta no fim que o mais importante da vida, ainda bem, é ter relacionamentos de verdade, com pessoas, além do seu cartão de crédito. Outro pensamento nobre.
Como a Becky, hoje eu queria ir ao shopping e ver um mundo melhor. Não fui. Venci o cartão de crédito e sua promessa de felicidade. Eu poderia ter passado no shopping, comprado o tal vestido ou mais um vestido, e certamente chegaria feliz da vida em casa, imaginando o dia que eu desfilaria com ele, linda, confiante, e num mundo melhor. Até levar a próxima raquetada. Ainda bem que fui pra casa. Fechei a noite feliz da vida e sem dúvida de que, o mundo melhor está em se manter, primeiro, num bom relacionamento com a gente mesma. E este não tem preço e nem aceita cartão. Um pensamento nobre.
*ver o post http://bit.ly/y0zXTz
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