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Saturday, October 06, 2007

em construção


Não escrevo há tempos, e por mais que já tivesse arrumado todas as "desculpas possíveis", embora a principal seja a dorzinha crônica no meu braço direito, a verdade mesmo é que descobri que estou "em construção". Consequentemente, esse blog também.

Aos 40, beirando os 41, coisas acontecem. Muitas coisas. Não estou só falando dos hormônios, mas da "cobrança diária" que temos (ou eu tenho) com nós mesmas. Para mim, a cobrança gira em volta das coisas que eu quero fazer. ou das coisas que eu preciso fazer. Das coisas que não fiz. E das que eu acho quero, mas não sei se quero... O pensamento pode parecer depressivo, mas não é. Num primeiro momento assusta porque afinal, fazemos contas. É automático. provavelmente aos 40 você terá um número maior de contas para pagar. Pode até receber mais, que aos 20, ou 30, mas em alguns anos, a probabilidade é que você receba menos. Todas as contas mudam, do seguro saúde, da quantidade de cremes... Ainda bem que o seguro de carro diminui para nós mulheres (ufa!).

Mas no fim, a conta "pesada"mesmo é aquela: por que não casei? Ou por que me casei? Deveria ter tido filhos? Porque não fiquei com aquele namorado bacana? E finalmente, quantos anos mais eu tenho de vida?! Será que isso é pensar no futuro ou no presente?! Prefiro ficar com a segunda opção. Porque ela é única que me garante quem eu sou hoje. E assim, quem eu serei sempre.

Estressadinha?! Sim, um pouco, e afinal quem não é?! E 40 anos, uau, é metade uma vida, se você consider e acreditar que possa viver até os 80, 85 anos.

Não me lembro de ter pensado, refletido, tanto sobre isso, com tanta intensidade de sentimento, de altos e baixos, nem na adolescência. Recordo, que quando criança, entre 6 e 8 anos, sonhava com coisas que gostaria de fazer. Além de querer ser aeromoça como toda menina naquela época, imaginava que seria casada, com filhos, mas não tinha tanta certeza, afinal, quando eu tivesse atingido o "auge da idade adulta", estaria no 2000, e esperava-se, que vivessemos já em colônias interplanetares... O que realmente despertava minha curiosidade, e eu tinha uma vontade enorme de entender , era como funcionava o mundo.

Quando assistia à TV buscava muitas explicações e atormentava meus pais, para que me explicassem como o aparelho captava imagens. Existia alguém lá dentro?! Como as pessoas sabiam o que estava acontecendo em lugares além daqueles que eu conhecia. Como chegava a notícia? E como chegava e se materializava...??!! Um dia confessei ao meu pai que eu gostaria de ter uma "televisão gigante". Mas com várias outras televisões menores, para que eu pudesse ver e soubesse tudo que se passava no mundo. Naquele mundo desconhecido.

Hoje, mesmo com a Internet e as possibilidades dos canais de TV, sem contar os outros meios de acesso à informação, sinto um "desassossego". Num primeiro momento, aos 40, parece crise existencial, TPM, depressão. Aí um dia, você entende (I realized) que é apenas a criança dentro de você... Ela não sossega (ainda bem) até que você lembre, retome, estimule e tenha uma atitude em relação as suas vontades, seus desejos e imaginação para fazer valer seus sonhos. Li um dia num artigo* a seguinte frase "sou feita de sonhos, tanto quanto sou feita de ossos".

Fiquei meses com o artigo pendurado na geladeira. Todos os dias eu dava uma olhadinha na frase. E aos 40, I realized. Que venha os 41.

O blog, ainda que em construção, continua no ar.


*Sandra Chemim.